História Tudor: Torre de Londres III

Esta é a terceira e última parte sobre a Torre de Londres, na Inglaterra.

Aproveite para ler a primeira e segunda parte desta matéria.

  • Elizabeth I e a armada espanhola

Este retrato, que por sinal ocupa uma parede inteira, de Elizabeth I foi feito em homenagem a uma guerra vencida com muito orgulho contra os espanhóis. Ele ilustra o momento em que a rainha estava em Tilbury com suas tropas para resistir à invasão da Espanha.

  • Elizabeth I e sua cabeça

Muito se vem estudando e questionando sobre como os monarcas realmente se pareciam, além dos quadros e pinturas encontrados. Pensando nisso, alguns especialistas fizeram uma cabeça em 4D de como a rainha Elizabeth provavelmente parecia e a colocou em exposição no museu dentro da Torre.

Imagem por Paula Santinati
  • Prisioneiros da torre

Olhando para as paredes de uma das torres, onde antigamente era uma prisão entre os anos de 1100 até 1952, podemos perceber que algumas palavras foram esculpidas nela, feitas por prisioneiros.

Podemos dizer que este é o palco de execuções de pessoas da realeza mais famoso mesmo que não fosse sua função principal.

Muitas histórias em relação à prisão são contadas até hoje, muitos dizem que é um lugar assombrado pelas almas de pessoas mortas no local. O mais icônico é o do rei Henry VI, muitos dizem que encontram com ele na capela, rezando.

Imagem por Paula Santinati
Imagem por Paula Santinati

As inscrições abaixo foram esculpidas por seguidores de Thomas Wyatt, que levantou uma rebelião contra Mary I em 1554. Seus nomes eram Robert Rudston e Thomas Culpepper.

História Tudor: Henry VIII

O inicio

Conhecido por ser louco ter se casado seis vezes e decapitado grande parte, ter desafiado a igreja católica e mandado vários exércitos para a morte. Quando Henry subiu ao trono, em 1509, não podia nem imaginar o que aconteceria nos seus anos de reinado.

Imagem do Google

Porém, antes desta fama, outra parte de Henry era conhecida, a de um jovem que ascendeu ao trono com apenas 18 anos, inteligente, atlético, musicista, amante de justas e bailes, que iria levar o reino da Inglaterra aos seus melhores anos.

Na infância, por ser o filho homem mais novo, nunca foi o favorito. Recebeu uma educação muito diferente de seu irmão, enquanto Artur recebia um berçário exclusivo, Henry compartilhava um com sua irmã Margaret.

Sua primeira grande aparição, com apenas 3 anos de idade, foi quando Perkin Warbeck, um impostor que dizia ser o duque de York aprisionado anos antes e conseguiu apoio de algumas pessoas, e o pai de Henry precisou mostrar seu segundo filho para a população e o declarou o genuíno duque de York. Foi preparado um grande espetáculo que durou dois dias, com paradas, banquete, cerimônia de cavalaria, e nomeação.

Artur

Com uma vida muito diferente de seus irmãos, Artur vivia em Ludlow, na fronteira com o País de Gales, tendo seus estudos e treinamento para quando fosse nomeado rei. Com apenas 3 anos, ele foi prometido em casamento para uma princesa espanhola chamada Catalina de Aragão, casando-se aos 13 anos por procuração, junto ao embaixador espanhol, com a princesa. Quando se encontraram pela primeira vez, perceberam que não conseguiam se compreender, pois cada um havia aprendido uma pronuncia diferente do latim. Se casaram pessoalmente na catedral de Saint Paul, em 1501 mas apenas 5 meses mais tarde, Artur morreria.

Sendo agora o próximo ao trono, Henry recebeu o título de Príncipe de Gales mas não ganhou uma cerimônia. O problema agora era que ele precisava de um treinamento de rei, então seus estudos e treinamento físicos se tornaram cada vez mais intensos. Aos 14 anos, era praticamente a sombra de seu pai, vivendo sempre ao seu lado. Em 1503, o rei percebeu que Henry logo precisaria de uma esposa, e para ele, a escolha óbvia era Catalina, a viúva de Artur. Porém, pouco tempo depois a mãe de Catalina viria a óbito e consequentemente, a herança de Catalina reduziria drasticamente, tornando o casamento desvantajoso. O rei decidiu deixar a noiva sem saber que o casamento não aconteceria, e a deixou em uma das residências reais, longe de tudo. Quando orei morreu, em 1509, Henry (que agora era rei), decidiu casar-se com Catalina e em junho se realizaria a cerimonia.

Reforma Religiosa

O rompimento com a igreja católica foi um movimento estratégico do rei para conseguir um divórcio de sua esposa Catalina de Aragão e casar-se com Anne Boleyn. Para isso, era necessário que o papa aceitasse seu pedido de divórcio, mas foi recusado por Clemente VI, e isso foi a gota d’água para Henry pois desde a guerra dos cem anos a Inglaterra tinha problemas políticos com Roma.

Em 1534, quando o Henry VIII foi excomungado pela Igreja Católica, foi decretado o Ato de Supremacia, onde o rei era o chefe supremo da Igreja da Inglaterra, também conhecida como Igreja Anglicana, ou seja, o rei decidia tudo o que acontecia ali dentro, como nomear nomes para cargos eclesiásticos e também começou a confiscar as terras e bens que a Igreja Católica possuía dentro de seu país, como terras de mosteiros.

Saúde

Imagem do Google

Em 1536, a saúde do rei estava gravemente debilitada, mesmo quando estava obeso e com muita dificuldade de se locomover, com gota, diabetes e cheio furúnculos pelo corpo, decidiu participar de uma justa na qual sofreu um acidente que acabou agravando um ferimento na perna. Foi tão grave que nenhum médico da época conseguiu melhorar a situação, e cada dia mais o machucado piorava, causando uma infecção que incapacitou o rei até o fim de seus dias. Alguns historiadores dizem que este acidente foi o que causou uma mudança tão brusca de humor e comportamento.

Regência

Nos dias finais de seu reinado, Henry decidiu escrever um testamento onde colocaria instruções para o reinado de seu filho, que tinha apenas 9 anos e temendo que fizessem seu filho de marionete, mandou que o país fosse comandado por um Conselho de Regência, onde todos teriam a mesma autoridade. Enquanto estava escrevendo quem iria compor este conselho, em janeiro de 1547, Henry deu seu último suspiro.

William Shakespeare e o contexto literário

Para entendermos a literatura e o teatro atual, temos que voltar para a Era Elisabetana quando um dos maiores poetas e dramaturgos surgiu. Hoje em dia podemos encontrar apenas algumas obras de William Shakespeare, mas todas ainda são disputadas e foram traduzidas para quase todas as línguas. 

Imagem do Google

Conhecida como “a época de ouro”, o reinado de Elizabeth I foi repleto de variadas manifestações artísticas, sendo a maior parte delas o teatro. As peças daquela época tinha cunho religioso ou político, e Shakespeare se viu inspirado em reis da dinastia Tudor para realizar suas obras mais famosas da época, como Henry V e Richard III. Hoje aprendemos sobre suas obras na escola, mas pouco se fala sobre o cenário em que aconteceram. 

As peças antigamente eram feitas apenas com atores do sexo masculino e apresentadas no meio das ruas, passando aos poucos para lugares fixos como tabernas, e assim começaram a surgir os grupos teatrais que conhecemos hoje. 

O primeiro teatro a ser construído foi em 1576, mas o “The Globe”, conhecido como o teatro de Shakespeare, foi feito alguns anos tempo depois, em 1599. 

Nas peças de William, ele tentava humanizar os reis, como pessoas que têm necessidades e preocupações como qualquer outra, mas também consegue usar da sátira para mostrar quando eram tiranos e excêntricos. 

Para entender melhor sobre esse assunto, a historiadora formada pela PUC, Thays Macedo, explica:

“No século XVI a Inglaterra se configura como uma das maiores potencias mundiais, o ápice da renascença inglesa, que expandia suas navegações ao redor do mundo e a literatura e a poesia ganharem espaço. Em tempos de mudanças, em meio a reforma protestante e o humanismo, o teatro já havia ganhado muita força, se tornando extremamente popular, mas foi com Shakespeare a arte da dramaturgia se solidifica.  “

“Ainda jovem, ele se torna ator e diretor do teatro “The Globe”. A partir dai, se dedica a escrever suas peças e as apresenta ao publico, juntando o conjunto de teatro mais renomado de Londres. ” continua Thays. “Suas peças revolucionaram o cenário teatral que ainda seguia as influencias gregas de como fazer dramas trágicos. O teatro grego se caracterizava  por serem dramas com personagens heroicos, deuses, seres mitológicos ou nobres, sempre com finais tensos e infelizes. A comedia ainda era um gênero separado das granes dramaturgias, sendo representadas por pessoas comuns, muitas vezes escolhidas da plateia. Já as tramas shakespearianas davam espaço para historias com recorte temporais maiores que um dia, mudando cenários, colocando esses personagens secundários em mais evidencia, incluindo trechos cômicos, românticos e ate filosóficos, tudo dentro de uma única peça. Seus personagens imprimem a humanidade, peças como Hamlet, Otelo, Macbet, a tragédia do personagem deixa de ser superficial e o personagem é construído em tons de cinza, com defeitos, qualidades, loucura, maldade, egoísmo e romantismo.  “

“A importância de Shakespeare na literatura atual é tão incontestável, que suas obras foram inseridas fora do contexto literário e teatral. Frases como “Ser ou não ser, eis a questão” dita em Hamlet, “Isso parece grego para mim” dita em Júlio Cesar, “Nem tudo que reluz é ouro” dita em O mercador de Veneza, são exemplos de sua obra jamais será esquecida, se tornando até ditados populares, que muitos não sabem que vieram de Willian Shakespeare” finaliza Macedo.

Lutero: o homem que desafiou o catolicismo


Um dos grandes acontecimentos que marcaram e modificaram o mundo até os dias de hoje, foi a reforma protestante. Para entender como isso ocorreu, é preciso entender o contexto histórico europeu e todos os passos que levaram ao acontecimento.

Para isso, a historiadora formada pela PUC, Thays Macedo, explicou em detalhes todo o enredo desta história.

“Martinho Lutero deu inicio a uma reforma no cristianismo em meio ao século VXI. Monge alemão, católico e insatisfeito com os dogmas do catolicismo, escreve 95 teses contestando a postura da igreja católica.” diz Thays. “Acreditava que o fiel poderia negar a igreja e mesmo assim conseguir sua salvação, pois a fé seria mais importante que a instituição. Para ele, Deus salvaria o humano pelos seus atos e sua crença e não pela compra de indulgencias. Logo ele seria excomungado pelo Papa e declarado herege.”

Imagem do Google

“Mesmo criticado pela Igreja, a monarquia alemã começa apoiar suas argumentações, afinal, viam a oportunidade de se apoderar das terras e bens da igreja e parar de pagar impostos ao clero e travar guerras em nome do catolicismo” continua. “Logo, suas criticas começaram ficar famosas, e os protestos contra a igreja começam a ganhar força, o que impulsiona o monarca Henry VIII da Inglaterra a se posicionar a favor do catolicismo e condenar as pratica de Lutero.  A relação da monarquia com a igreja católica era estreita e as criticas feitas à igreja poderiam refletir na popularidade do monarca. Então, Henry discorre vários trabalhos antiprotestantes, começando pela critica de Lutero contra a venda de indulgencias, onde o mesmo dizia que era uma forma corrupta não só do catolicismo mas da pessoa em tentar diminuir seus pecados e garantir seu lugar aos céus. 

O monge, ao saber da publicação de livros de autoria do Rei da Inglaterra que atacavam suas diretrizes, trava uma batalha literária. Essa batalha perduraria por muitos anos, com respostas escritas através de pseudônimos por parte de Henry VIII e agressões verbais por parte de Lutero, até que o monge escreve uma carta direcionada ao rei, pedindo perdão por suas palavras, e até se propôs a se retratar publicamente, mas Henry não aceita sua proposta e isso o traria, mais tarde, mais  uma consequência para essa historia. “

Quadro em exposição na Torre de Londres.
Imagem de Paula Santinati

“Em 1533 o rei da Inglaterra decide se divorciar de sua então esposa Catarina de Aragão, alegando que a mesma não lhe dera herdeiros homens, para então casar com Anne Boleyn. A Igreja Católica condenou a postura do monarca em não honrar o casamento feito aos olhos de deus e o excomunga. Henrique então decreta o Ato de Supremacia, onde o rei passa a ser o chefe supremo da igreja da Inglaterra, podendo nomear novos ocupantes para os cargos eclesiásticos ( toda a estrutura eclesial foi mantida). Fora confiscado todos os bens da Igreja Católica, seus terras e mosteiros e vendidas aos mais nobres, fazendeiros e comerciantes ( o que mais tarde daria o ponta pé inicial para as atividades econômicas capitalistas)”.

“Assim o anglicanismo se consolida na Inglaterra, fazendo parte do movimento protestante onde lá atrás, Henry VIII se negara a apoiar.  Lutero se recusa a ajudar Henry em sua jornada de negação da igreja, já que o monarca recusou-se a dar-lhe o perdão real anos antes. Tanto Lutero, quanto Henry VIII tiveram um papel fundamental na reforma protestante, mesmo com suas diferenças, suas vidas motivaram mudanças na Igreja.” termina Macedo.