A beleza mortal da Era Vitoriana

Quase tudo o que usavam durante a Era Vitoriana (1837 – 1901) era perigoso. Naquela época começaram a surgir uma série de cosméticos, tônicos, biscoitos, chás, sais de banho e até chocolates radioativos.

Para embelezar a pele, dentes e cabelo estes produtos levavam ingredientes como arsênico, chumbo, mercúrio e plantas venenosas como Bella Donna.

Como mostrar a pele pálida estava na moda e era sinal de status naquela época, pois mostrava que era ricas o suficiente para não trabalharem expostas ao sol quente, as mulheres recorriam a todos os tipos de produtos que lhes eram oferecidos, mesmo que não fosse indicado para a saúde.

Um desses produtos é o Alvaiade, um pó feito com bicarbonato de chumbo. Seu uso era feito como talco mas algumas pessoas também diluíam na água para formar uma pasta. Esse é um costume que vem desde o século XVII, pois era o tipo de maquiagem favorita da Rainha Elizabeth I.

Também há rumores de que algumas mulheres preparavam suas banheiras com água e arsênico para tomarem banho e suas peles ficarem brancas e sem manchas. Mesmo que o toque não seja tão mortal quanto a ingestão, os banhos quentes continham vapor e as mulheres inalavam esses gases, o que causava diversos problemas, como o câncer pulmonar.

Para complementar os banhos, sabonetes de arsênico também eram populares, e prometiam trazer o mesmo resultado do banho. Seu uso trouxe problemas gástricos, alergia na pele e irritação nos olhos.

A beleza mortal da Era Vitoriana

O sexo feminino era tido como frágil, e para que os homens continuassem pensando desta forma, as mulheres precisavam ter um olhar triste e lacrimejante, já que isso passava um ar de insegurança e dessa forma seria muito mais fácil conseguir um casamento. Para isso, foi criado um colírio feito com Bella Donna, uma planta venenosa que além de deixar os olhos úmidos, também aumentava a pupila, deixando seus usuários com olhar de cachorrinho sem lar. Mas se fosse usado de forma errada ou exagerada, podia causar cegueira.

No inicio do século XX, o metal Tório (Th) já era muito popular, mas com a descoberta do Rádio (Ra) (feita por Marie Curie em 1896) muitos cosméticos aderiram a esta nova moda. O creme Tho-Radia ficou muito popular entre as mulheres da época. Com uma mistura dos metais Tório e Rádio, ambos radioativos, este creme era muito perigoso.

A beleza mortal da Era Vitoriana
Creme Tho-Radia.
Imagem do Google

Ainda com pouca pesquisa, o laboratório Bailey Radium anunciou que aquele creme milagroso poderia curar câncer de estômago, doenças mentais e ainda ajudava a restaurar a vitalidade e a energia sexual.

Outro produto famoso eram os biscoitos do Dr James P. Campbell, que prometia uma pele clara, quase transparente, além de oferecer uma pele livre de rugas e imperfeições. O efeito prometido era realmente alcançado, já que as pessoas que os comiam ficavam doentes.

A beleza mortal da Era Vitoriana
Biscoitos do Dr James P. Campbell.
Imagem do Google

Quando os consumidores reclamavam que os biscoitos causavam vómito e diarreia, a marca disse que aquilo era um bom sinal, já que o organismo estava sendo purificado.

Após a alimentação, é necessário escovar os dentes. Mas como manter os dentes sempre brancos? Com o talco de cocaína.

Naquela época os vitorianos usavam pós dentais para fazer a higienização bucal, a maioria era caseiro mas para as pessoas que buscavam ter um dente tão branco quanto a pele, era comum recorrer a produtos comerciais.

Os pós caseiros eram feitos com pó de giz, coral e de fuligem. Mas para o dente ficar ainda mais branco, era comum o uso de cocaína. Ela também deixava a boca das pessoas dormentes, o que diminuía dores comuns da época, como a gengivite.

Muitas pessoas simplesmente misturavam ingredientes sem saber o seu verdadeiro uso e chamavam de receita milagrosa, podendo intoxicar ou matar várias outras indiretamente.

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